terça-feira, 29 de dezembro de 2009

How to disappear completely and never be found...

Free Natal, Saulo Feitosa ©2009

"That there
That's not me
I go
Where I please
I walk through walls
I float down the Liffey
I'm not here
This isn't happening
I'm not here

In a little while
I'll be gone
The moment's already passed
Yeah it's gone
And I'm not here
This isn't happening
I'm not here

Strobe lights and blown speakers
Fireworks and hurricanes
I'm not here
This isn't happening
I'm not here
I'm not here"
Radiohead

"Para decepar a cabeça da Medusa sem se deixar petrificar, Perseu se sustenta sobre o que há de mais leve, as nuvens e o vento, e dirige o olhar para aquilo que só pode se revelar por uma visão indireta, por uma imagem capturada no espelho..."

Leveza, Seis Propostas para o Próximo Milênio, Ítalo Calvino

Ungidos da leveza de Calvino: Tenhamos um bom ano!


sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Free Natal...

Amigos até os pés...

(Trecho de um e-mail enviado a Camila...)
Nós, ontem, durante o Free Natal, falávamos justamente desta necessidade que temos uns dos outros... A necessidade de conversarmos, de nos abraçarmos (de preferência de olhos fechados), de brigarmos sobre os temas da política nacional (e porque não, mundial...)... de tomarmos uma cerveja sentados na grama (que se não for a Hungry´s...que seja qualquer outra, desde que seja com essas pessoas que amamos...)...
E se existe esse tal "Espírito Natalino" que ele seja chamado de saudades... saudades das pessoas que amamos e com as quais, mesmo que secretamente, mesmo sem nos falarmos com frequência, mesmo com a distância de milhares de quilômetros...dividimos nossas histórias... ao lembrarmos delas e darmos aquele sorrisinho de canto de boca solitário...

domingo, 20 de dezembro de 2009

Hail to the Thief


Foi com uma imensa surpresa e felicidade que recebi o e-mail de Juliano falando sobre esse assunto....
Thom Yorke, entrou disfarçado de jornalista na reunião do COP15 em Copenhague e, pra não ficar diferente, falou coisas que concordo plenamente...

“Isso me irrita porque os princípios básicos são princípios básicos. É um monte de homens reprimidos de meia idade, que enxergam através das suas próprias esferas de interesses particulares, e não veem o processo como um todo”

Enquanto isso as pessoas na sala de jantar tiram fotos e bebem do melhor vinho com toda a Europa debaixo de neve...
Não haveria clima melhor para se tomar um vinho...

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Alomodóvar, demasiado Almodóvar...

É assim que se passa "Los Abrazos Rotos" de Almodóvar: ele mesmo por todos os cantos, falas, cores (as famosas "cores de Almodóvar"), closes, músicas...
Concordo com o fim da resenha do omelete.com: Almodóvar resiste ao desbotamento.
É sempre bom, nestes tempos de Luas Novas e Avatares, ir ao cinema e ser arrebatado por closes de lençóis, abraços, olhos e até radiografias... E ele como ninguém ainda consegue achar belas atrizes para atuar...
Enfim, se não se trata do melhor filme do ano, se não é melhor que Carne Trêmula, Fale com Ela e Volver, foi realmente o melhor filme no momento certo para mim.
Viva as cores de Almodóvar (e suas atrizes, seus movimentos de câmera, seus roteiros...)

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Saldo parcial da fatura - Continuação (...)

5- Amigos - todos os meses de 2009 - Promessa eterna de encontros que não aconteceram
6- Amor - mês: novembro - You can´t always get wat you want...
7- Atividade física - mês: dezembro - Um pouco mais de ciclismo
8- Continua na próxima página...

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Saldo parcial da fatura...

2009:

1- Radiohead - mês: Março - realidade

2- Campinense Clube - mês: Novembro - rebaixamento para Série C

3- Clínica Médica - mês: Janeiro 2010 - fim da residência

4- Continua na próxima página

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Para aqueles que sabem quem são...


"Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza."

Poema em Linha Reta - Fernando Pessoa

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Désolé




Nesta semana em que tudo foi dia;
O céu estava branco.

Não que no fim destes dias anoiteceu:
Tudo permaneceu exatamente branco.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Départ

Que não te dobro, disso já sabia.
Sentindo a textura de teus arranhões,
A aspereza de tua língua...
Percorro, afundado, tuas impressões,

[Teus vincos e frestas: teus punhos.

Os estalos da tua pele.
Da ponta dos meus pés, enxergo a moldura da janela

[as luzes dos barcos, solo sujo do rio Pina...

e o teu sorriso estranho.
A volta do teu corpo:
o barulho dos teus passos contrários aos meus...
Escuta minha voz:
Digo teu nome como se soprasse poeira.

Saulo Feitosa, novembro de 2009.

domingo, 25 de outubro de 2009

O parangolé pamplona você mesmo faz...


Em lembrança a quase totalidade da obra de Hélio Oiticica perdida durante um incêndio em sua casa.

domingo, 6 de setembro de 2009

Dai-nos, Senhor, a poesia de cada dia...

Fonte: UOL Notícias

"Com 22 votos a favor e oito em branco, o senador Fernando Collor de Melo (PTB-AL) foi eleito nesta quarta-feira (02/09/09) como imortal da Academia Alagoana de Letras (AAL)"

Bem que o Verme que primeiro roeu as frias carnes do cadáver de Machado de Assis também merecia o seu lugar!

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Rápido e Rasteiro



O tema já é lugar comun nos mais diversos meios de comunicação, entretanto resolvi ainda expressar algumas opiniões sobre a Gripe causada pelo vírus H1N1.
Tal qual o vírus causador da Gripe comun (Influenza A sazonal) o H1N1 têm o mesmo modo de contágio e causa sintomas semelhantes, que qualquer um de nós em algum período da vida já experimentou. A maioria dos casos é leve e a mortalidade é baixa (novamente semelhante ao vírus da Gripe comun). Então porque esse alarde todo?
Há motivos e exageros nisso tudo:
Motivos:
  1. Tem maior infectividade
  2. As formas graves estão acomentendo mais adultos jovens e gestantes
  3. Aparente evolução mais rápida para quadros graves

Estas características justificam medidas de precaução adotadas pelos governos. Mas não pelos meios de comunicação, que já apelidaram o pobre H1N1 de vírus da gripe suína... De fato que o pânico tomou conta de todos e todos agora querem entrar na moda do uso de máscara N95 (aquelas reservadas para os profissionais de saúde que terão contato com secreções de vias aéreas de pacientes internados). Basta digitar no google a palavra "H1N1" para as primeiras imgens aparecerem com pessoas mascaradas... Mais importante seria que nos lembrássemos de ensinamentos bem antigos e básicos transmitidos por nossos pais e avós: cobrir o rosto ao espirrar, sempre lavar as mãos antes de comer, evitar contato próximo com pessoas doentes, não coçar os olhos com as mãos sujas, não levar as mãos à boca sem lavar antes... enfim, cuidados simples que por si só já evitariam o grandioso segundo exagero: o álcool gel a 70% que se tornou segundo grande aliado, como se fosse melhor que lavar as mãos com água e sabão...

O terceiro maior exagero é o Tamiflu (Oseltamivir) que está mais popular que AAS. Medicamento antes desconhecido da população (e até de uma parcela considerável dos profissionais de saúde) agora tem status de estrela da novela das oito. O salvador da pátria. Não estou querendo desconsiderar a importância desta medicação quando bem indicada (que significa: nas primeiras 48 horas de doença em pacientes com casos suspeitos), mas segundo a própria OMS, há recomendação forte para o seu uso com baixo nível de evidência - se de fato a medicina baseada em evidências não é a melhor coisa do mundo, mas certamente é o que temos de melhor hoje. Outra argumentação é de que o uso indiscriminado de antivirais (ou qualquer antibiótico) induz em prazo variável, resistência biológica ao medicamento. O que não seria nada bom. Outra informação que está expressa no manual da OMS para tratamento da gripe pelo vírus H1N1, é que há outras 3 medicações para tratá-la: Amantadina (mais antiga), Rimantadina e Zanamivir. Tal foi o pânico gerado que a maioria dos governos recolheu a medicação das farmácias para evitar o uso indiscriminado e a falta para aqueles que realmente precisariam do medicamento. Interessante ressaltar que trata-se de um medicamento para o qual não está liberada a fabricação de genéricos.

Enfim, para a população geral, cuidados básicos (lavar as mãos, evitar contato com pessoas doentes, evitar auto-medicação e procurar um serviço de saúde caso haja sintomas sugestivos da doença) já evitariam grande parte desse temor que se instalou. Lembra o livro de Saramago, Ensaio sobre a Cegueira.

Termino com uma frase que li num cartaz colocado na parede de um hospital no início da pandemia, cujo autor desconheço: "Algumas pessoas têm gripe suína e todos já querem usar máscaras, milhões de pessoas no mundo têm AIDS e ninguém quer usar camisinha...". Rápido e rasteiro.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

These are my twisted words...



E não é que eu não precisei vender minhas cuecas para ir ao show do Radiohead no Brasil. Eu costumava falar isso há uns bons dez anos... De fato a banda correspondeu no palco a esta espera... Inesquecível, ficava entre a dúvida de fechar os olhos e e embaracar na viagem de Reckoner ou ficar de olhos bem abertos e tentar não perder uma imagem sequer... Esta angústia de querer viver todos os sentimentos ao mesmo tempo. Entretanto cada um, ao seu modo, capturou o show, as caras de perplexidade, felicidade e a frase de Marcela "Agora eu posso morrer" me fizeram perceber que não tinha sido só para mim aquelas impressões... Sinestésico.
E ainda sobre o Radiohead, achei um site bem interessante que em parceria com a própria banda fez um concurso para eleger quatro vídeos de animação para representar o álbum "In Rainbows". E o clipe abaixo é justamente de Reckoner...


http://www.aniboom.com/Competition/Radiohead/





Para finalizar este "ode ao Radiohead", hoje no site da banda tem o link para o download gratuito da nova música do Radiohead chamada "These are my twisted words", que pra variar é excelente.

http://radiohead.com/deadairspace/?a=475&b=1

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Ventiladores do meu juízo!

Agradeço a Estela pela inspiração do título...



©copyright: Jarbas Delmoutiez. Indigo. 2009


Voltando um pouco no tempo (e nesse momento começamos a contar o tempo em décadas e não mais em semanas...) há aproximadamente 6 ou 7 anos mergulhei junto com alguns amigos numa aventura de ter uma banda. Embora as bandas que conseguissem tocar na cidade na sua maioria, tocassem covers, nunca me interessei pela idéia...queria tocar músicas próprias...havia também outro ponto particular, queria que fosse uma banda com vocal feminino, outra dificuldade, pois tentar fazer com que outra pessoa cante uma música que você fez não é das tarefas mais fáceis...
Naquela época nos juntamos, eu (guitarra), Renato Hennys (baixo), Anahi (vocais) e Fabrício (produtor) para tocar... Produtor? Pois é, nem tínhamos começado e já havia um produtor. Neste caso Fabrício era o que mais entendia de música (tecnicamente falando) e era importante alguém que não tivesse diretamente incluído na banda para dar opiniões sobre o processo criativo. Como podem notar éramos incompletos, não havia teclados, bateria ou percussão... difícil... mas mesmo assim tentamos, por algum tempo, nos tornar esta "banda" que queríamos ser. Fizemos uma pesquisa com nossos amigos para escolha do nome da banda: INDIGO. E escolhemos um símbolo para representar nossa música: um ventilador antigo que tinha aqui em casa (referência direta a máquina de lavar do Sonic Youth). Jarbas desenhou o ventilador e antes mesmo que tivéssemos qualquer música pronta, já tínhamos uma camisa com o nome da banda e o tal ventilador na frente. Alguns amigos compraram e usaram a camisa, ajudou a despertar a curiosidade dos outros... Nome do primeiro álbum: IT.
Mas aí vem a realidade: na verdade tínhamos feito primeiro um marketing de uma coisa que estava ainda no embrião... não tínhamos mesa de som, gravadores, apenas um microfone semi-profissional e caixas de baixa qualidade... Gravamos nossa primeira música no meu apartamento no centro da cidade, no som da minha casa (um Panasonic preto) com a guitarra e o baixo plugados no auxiliar e o microfone na entrada frontal... numa fita K7, com minha mãe chegando do trabalho, os cachorros latindo e os instrumentos com afinação incorreta... mais amador que isso é difícil... o nome da música: You Couldn't see Through my Blur Breeze. Éramos ousados...
Ainda sonhamos com alguma coisa... mas cada um seguiu seu caminho e a vontade se diluiu no cotidiano.
Anos mais tarde eu achei essa fita K7 e com a ajuda de Fabrício (e das "novas tecnologias") conseguimos transformar aquela gravação em .mp3, afim de tentar não perder aquele registro.
Anos mais se passaram e perdida nos cada vez maiores HD's, achei essa gravação... foi como se tivesse ouvido a música pela primeira vez... contei a Anahi no último Natal dos Abandonados e ela disse saber cantar ainda a música...
Então aí está nestes tempos fluídos de blogs, twetters, facebooks... a estréia da extinta banda de uma só música.
Para nos lembrarmos do tempo que ainda acreditávamos no impossível e tentávamos torná-lo real.

Banda: Indigo
Integrantes: Anahi (vocais), Renato Hennys (baixo) e Saulo Feitosa (guitarras)
Produtor: Fabrício
Arte: Jarbas Delmoutiez
Disco: It
Música: You Couldn't see Through my Blur Breeze


quinta-feira, 16 de julho de 2009

Aforismos - Parte 3: Ou àqueles que não ouvem...

O sono da razão desperta os monstros - Goya

"Ter uma identidade fixa é hoje, nesse mundo fluido, uma decisão de certo modo suicida."
Zygmunt Bauman


E retorno ao conflito engendrado pelo limite evocado na cansada obviedade shakespeariana "ser ou não ser: eis a questão". Deveras conhecido este trecho de Hamlet, dispa-se de seus preconceitos ou conceitos ligados aos pontos de controvérsia comuns no seu cotidiano e ouça-me.
"Ser" em si já carrega uma definição que representa a junção de vários pedaços de vidro de um copo quebrado, como se fosse possível rearranjar sem perceber os vincos, os traços imperfeitos de sua colagem. Se certa vez Cristhiano disse-me que a falta de significado das coisas determinava o suicida, digo que determina a fronteira. O que define se se é isto ou aquilo (lembrança de Cecília) se não existe o "grão localizador" de um fim ou um começo? Não que queira relativizar tudo, mas quando se está diante deste ponto, não se sabe onde está. Tal como disse Riobaldo "O senhor sabe o que o silêncio é? É a gente mesmo, demais." É o eco do silêncio que há em nós que encontramos. Chega-se então, ao ponto em que, se ignorarmos de onte partimos, não sabemos onde estamos. E é nesta encruzilhada de limites que repouso minha mente.
No contexto dessa obrigação automática de dormir-acordar, equivoca-se quem escolhe entre um e outro, vivemos numa interseção de opções. Não há, portanto, quem possa distinguir enquanto dorme o que é o momento ou ausência de si.
Presos estamos ao modus operandi das opções. Se o personagem de Ao Lado do Muro, escolheu estar ao lado do muro, o outro lado tornou-se enigma e fustigação. Esquivar-se das escolhas, ou em outra análise, de suas consequências, seria deveras covarde. Então como dar nome ao momento exato (imediato) à escolha? Dúvida? Hesitação? Iluminação? Tudo parece nada e o nada é suficiente. Como entender o movimento que leva a estagnação no entorno fronteiriço? Nestes tempos de difusão de identidade parece ser mais lúcido "limitar seu círculo cada vez mais e verificar continuamente se você não está escondido fora dele" Kafka já tinha sua solução, embora existam muitos círculos semelhantes e nesta efusão geométrica, facilmente pode confundir-se. Círculos, entretanto, denotam uma harmoniosa forma de limitar-se, neste ponto prefiro a poesia das elipses com seus dois focos e suas infinitas possibilidades.
Por ser de tal forma, intangível, vivíamos numa sucesão de incertezas de um findar-se de um segundo ao parto do próximo instante. Este contínuo de delirante nos foi tirado ao passo que, bípedes, caminhamos. Ignorando nossas diferenças. Mas será que a intensidade do vermelho que vejo é mesma do seu? E será que o que chamo de vermelho, enxergo como tal? Ou aprendi a chamá-lo assim? Entretanto, diferentes que somos, nos comportamos num uníssono social, daí o suicídio de Bauman acerca da "identidade fixa" seja enquanto indivíduo (se somos) ou coletivo representativo. Pendulares que somos, parecemos morcegos pendurados ao contrário, voando de modo incerto, cegos de nosso estado, paradoxo de nosso "ser".
Se a irracionalidade não é nosso privilégio, dormimos.

Aforismos - Parte 2

"Nesta nossa época a única coisa necessária é o supérfluo."

Oscar Wilde

terça-feira, 14 de julho de 2009

Aforismos - Parte 1

"A partir de certo ponto não há mais retorno. É este o ponto que tem de ser alcançado."

Franz Kafka

Need a Rock'n'Roll



"Grow my hair, Grow my hair I am Jim Morrison
Grow my hair, I wannabe Jim Morrison

Here we are with our running and confusion
And I don't see no confusion anywhere"
Radiohead

sábado, 27 de junho de 2009

Cem Poetas Sem livros...




Esta coletânea "Cem Poetas Sem Livros" é uma iniciativa do movimento literário Litera Pernambuco, no qual se selecionou cem textos nunca publicados por poetas que nunca publicaram. É uma iniciativa no sentido de diminuir o abismo que existe entre a intenção e o projeto de publicação de um livro. No momento do lançamento haverá um sarau poético com leitura dos textos do livro...

Estejam todos convidados...

O quê? - Lançamento oficial da coletânea Cem poetas Sem livros.

Quando? - Às 19h da quinta-feira (09.07) e promete varar a noite com sarau poético participativo.

Onde? - Na rua do Chacon, 335, Casa Forte. Entre a Praça de Casa Forte e a Praça Flor de Santana, em frente ao CPOR.

Poemas e Poetas

Título do poema/Autor (ordem alfabética)

01. De sal e sol, solidão/Adélia Coelho
02. Fração/Ademauro Coutinho
03. Serve esse?/Alan Diego
04. Pensão da Santa Cruz – 1966/Alejandra Arce
05. Se mira/Alexandre Melo
06. O circo feliz/Alice Moraes
07. Reconheça/Aline Gusmão
08. Os treze/ Aluizio Fidelis
09. Sem título/ Amana Pinheiro
10. Presentes/Amanda Moraes
11. Massificação/André Agostinho
12. Deus/André Santiago
13. Sumário/Bené Lobão
14. Estações/Beth Brito
15. Imperfeitos/Camila Dantas
16. Ensaio e Fuga /César dos Anjos
17. Da lama e o mangue /Claúdia Trevisan
18. Vegetativo II/Clayton Souza
19. Vingança é riso na hora / perdão é riso sem fim | Clécio Rimas
20. Meus anseios /Damaris Freitas
21. Meus sentimentos /Daniela Bezerra
22. Tragédia /David Moura
23. O outro lado... |Demétrius Fernandes
24. Dente-de-leão | Diogo Testa
25. Porque assim... /Eduardo Nascimento
26. Primavera/Eliane Duarte
27. Antigamente foi ontem/Máua Levi de Santana
28. Manhã ensolarada/Elieser Rocha
29. Momentos felizes/Emanuella de Jesus
30. O sonho dos mendigos/Eraldo José
31. Aquarela inóspita/Érika Renata
32. Silêncio/Estela Domingues Nunes
33. Arranca as asas/Estelita Lins
34. Dentes sensíveis/Ester de Lemos
35. Sob o amor/Eugênio Jerônimo
36. Luxúria em Hollywood/Fábio Pinheiro
37. Família/Flávia Pena
38. O salão dos desejos/Genésio Salustiano
39. Sereno/Giselle Aguiar
40. O íntimo da alma/Gizele Tavares
41. Sono/Guma
42. Transição/Gustavo Dantas
43. Desejo de uma vida inteira/Hélder Freire
44. Tormenta/Hênio Cavalcanti
45. Ela/Hugo Machado
46. Fria análise nocturna/Israel Lira
47. Jerimum/Ivan Almeida
48. Grandeza de flor/Jacqueline Torres
49. Gestos/Jair Martins
50. Perdida/Jalves
51. Sinismo/Jonatas Castro
52. Terras espalhadas/Jonathan da Silva
53. Prece/Josi Guimarães
54. Não importa/Joyce Amaral
55. Poema de uma tarde de sábado/Júlia Generino
56. A poesia/Léo Durval
57. Na mão/Leonardo Santana
58. Azul/Leônia Léa
59. Ícaro contemporâneo /Lilcandi Bisser
60. Falta amor/Luciane Silva
61. Aos meus filhos/Luiza Pedrosa
62. Veste da alma II/Márcia Maracajá
63. Imagem/Márcio Andrade
64. O meio cálice/Márcio Baião
65. Cosmologia/Marcone Alves
66. Prometeu/Marcos Moura
67. Ode Carnavalesca/Mariane Bigio
68. Nosso amor/Marinaldo Lima
69. É doce morar no mar/Maurício Santos
70. Melancolia/Melânia Vieira
71. Hoje/Meri Rezende
72. Mal menor/Patrícia Souza
73. Nômade/Pedro Rodrigues
74. Epigramas/Philippe Wollney
75. Passeio/Poliana Oliveira
76. Eu Tragada/Priscila Faisbanchs
77. Expressão/Rafaela Ramirez
78. Estupefaciente/Raísa Feitosa
79. Sou tua/Raquel Conti
80. Corroendo/Renata Santana
81. A descoberta da Moira/Roberta Lee Lino
82. Camada/Rômulo Alves
83. Eus/Rubeneide Araújo
84. Caos/Sachiko Shinozaki
85. Voltar/Sandro Gonzaga
86. Rumor/Saulo Feitosa
87. Floresta nossa/Sebastiana de Lourdes
88. Meio sapo/Sérgio Alves
89. Olhos/Sidney Ramos
90. Me achando/Suely Meirelles
91. Coma-me/Suely S Araújo
92. Filho, eu estou aqui/Suely Siqueira
93. Tua espera/Tamires Correia
94. Soneto do passado/Tereza Gomes
95. Acusa a bela corte!/Thalita Gadelha
96. Tresvario/Vanessa Camila
97. Correnteza/Victória Cássia
98. Não se procupe/Vidal de Souza
99. Para entender a beleza/Yugo Taroo
100. Tempo, o tal/Yuri Duarte

sábado, 30 de maio de 2009

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Novas velhas coisas...

Tem certas coisas das quais temos preconceito (leia-se mesmo: pré-conceito) e inevitavelmente ignoramos. Uma dessas coisas foi a música de Fiona Apple. Desde quando lembro-me deste nome (e isto data de meados dos anos 90 - mais uma vez o inexorável tempo) fazia uma associação bizarra com Cindy lauper! Isto mesmo, este nome Fiona Apple lembrava-me Cindy Lauper e em decorrência desta associação nunca havia escutado esta garota aí embaixo até hoje.

Mas não é que a música dela é boa (e diga-se totalmente diferente a da Cindy Lauper). Ao todo são três discos:
1-Tidal - 1996
2-When the Pawn Hits the Conflicts He Thinks Like a King... - 1999
3-Extraordinary Machine - 2005
O mais impressionante são as músicas do primeiro disco, que parecem ter sido feitas ontem... Lembra-me um pouco da melancolia de P.J. Harvey. Se nunca ouviu vale a pena escutar "Sleep to Dream" e "Criminal", sendo que esta última tem um clipe bem estranho...
Perturbada, estranhamente bonita, com uma voz sombria, frases de piano... tudo isto faz parte da música de Fiona.
Bem ao gosto de quem ouve num fim de tarde quente e boreal aos pés do rio Pina...

sábado, 9 de maio de 2009

Down is the new up...




"I'm the next act
Waiting in the wings
I'm an animal
(...)
I'm all the days
That you choose to ignore
(...)
I'm in the middle of your picture
Lying in the reeds
(...)
It's all wrong, it's all right"

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Roda Viva...


(Mike Clark/Reuters)

-Pessoas colocadas em quarentena pelo governo chinês que temia a presença de casos da gripe A-

"Não tarda que não saibamos quem somos..."
Saramago tinha razão... Para que tantos nomes?

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Somos Todos Poetas...

Assisto em mim a um desdobrar de planos.
as mãos vêem, os olhos ouvem, o cérebro se move,
A luz desce das origens através dos tempos
E caminha desde já
Na frente dos meus sucessores.

Companheiro,
Eu sou tu, sou membro do teu corpo e adubo da tua alma.
Sou todos e sou um,
Sou responsável pela lepra do leproso e pela órbita vazia do cego,
Pelos gritos isolados que não entraram no coro.
Sou responsável pelas auroras que não se levantam
E pela angústia que cresce dia a dia.

Murilo Mendes

Em homenagem aos meus 27 anos...

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Farsa ou "Os martirizados do tempo"




Já não se cabe nas intenções, no gesto acidental, disfarçado, repleto de desinteresse. Volta a si virando-se do avesso com a embriaguez de pensar-se mudo, célero, andante do caminho feito de teus nós. Nunca acorda, tenta alcançar mas acomoda-se no enlace da distância, na ternura da cegueira, na segurança da ausência.
Atado a claustrofobia do incerto - quanta razão permeia a vontade - passo: senta-se. A questão é "plantar-se na própria semente"*, "fugir da palavra pela porta da palavra"*: mas que porta? Que palavra?
Costumava tomar café com os dedos cheirando a cigarro... O entorpecer da realidade, o deitar-se de cansado, o prazer sutil de esconder o olho. Hoje não: intoxicação do pensamento repleto de pedaços, contínuo de tudo arrastando-se.
Somos a farsa de um querer, a herança dos martirizados do tempo de Baudelaire, um momento evitado. Despertar de um dia contrário, de um dia pendendo, caindo.

*Trecho do conto escrito na parede de casa por Cristhiano Aguiar

sexta-feira, 27 de março de 2009

Cicatriz ou qualquer coisa que se sinta.



A quem interessar possa o título deste texto (a quem ouso dedicar a cobra inteira, no encalço de Baudelaire), resolvo por aqui discutir minhas partes com vida própria.
Perceber que meus gestos inanimados constituem parte funcional do tédio (meu tédio) foi, desta forma intensa: assustador. Conflitos que surgem durante "passagens" (como se existisse uma portada através da qual mudássemos) geram desconstruções e a depender da intensidade de tais desconstruções o chão se liquefaz. Isto ocorre neste instante em que escrevo, tal qual não aconteceu de súbito, a percepção ao longo desta semana (atípica por ser inusitada...) me fez retroceder e enxergar fatos e pessoas que fui (eu) num passado que insiste em despertar melancolia e nostalgia. É como a seiva bruta no tronco de uma Sequóia: flui protegida por várias camadas de caule que mostram outra árvore que não a real fragilidade da sua existência. O amor, o desejo e em primeira análise a vontade aniquilaram-se de modo silencioso, através de circunstâncias diversas, deixando seus cadáveres formolizados, silenciosos, paralíticos e com os olhos abertos a enganar-me. Assim foram preenchendo as frestas da consciência, de vidro: escondendo a profunda indiferença e os aparentes sentidos atribuídos as coisas. Deste modo, o trabalho, as pessoas, "as coisas de que se gosta", foram assumindo corpo e comandando, cada uma por sua vez, o que se compunha neste contexto de: vida. É como cada um que entrava na cabeça de John Malkovich, é como uma coletividade de "eus" me vestindo, de acordo com a conveniência de cada qual que queira o seu "meu-eu". "Assim, não se pode aprender a amar, tal qual não se pode aprender a morrer" dito isto por Zygmunt Bauman, não se pode aprender a mudar: muda-se, como ama-se, como morre-se. Também não se pode aprender a desconstruir-se...

"Somos mais livres durante nosso tempo livre do que enquanto trabalhamos? É inegável que temos um papel ligeiramente diferente, pois enquanto somos produtores em nossas horas de trabalho, somos sobretudo consumidores em nosso tempo livre. No entanto não somos mais livres ao desempenhar um papel ou outro, e um não é necessariamente mais significativo que o outro. Como já mencionado, o tédio não é uma questão de trabalho ou de liberdade, mas de significado. Um trabalho que não confere muito sentido à vida é seguido por tempo livre do mesmo tipo". Lars Svendsen escreveu isto em "Filosofia do Tédio" e esta sensação de aprisionamento ao texto, assustado com a veracidade destas conclusões foi a descoberta de uma porta trancada, de uma janela fechada e de um lugar repleto de pedaços de "eu" entre outros tantos mortos. Seria talvez como Kundera disse "Hoje somos todos semelhantes, todos unidos por nossa apatia compartilhada em relação ao nosso trabalho. Essa mesma apatia tornou-se uma paixão. A única grande paixão coletiva de nosso tempo", este trecho encerra em si nossa pequenez, nosso eterno "pacto com a mediocridade", nosso eterno ser quem não somos para parecer sermos aquilo que nunca fomos. É como já disse Bernardo Vieira (bem citado por Cristhiano) "É disso que as ruas de São Paulo tentam convencer quem passa por elas: que está em outro lugar, num esforço inútil de aliviar a tensão e o incômodo de estar aqui, o mal-estar de viver no presente e de ser o que é". Esta náusea diária, liquidificada com insônia, este prazer de coisas que não têm vida, esta substituição inútil da solidão pelo gasto, esta perturbadora onisciência dos outros em nós, este momento de sentar em pleno asfalto e seguir o caminhar das baratas pelos bueiros, a percepção da falta de sentido: o sonho de Pessoa "Ver-me, ao mesmo tempo, com igual nitidez, do mesmo modo, sem mistura, sendo as duas coisas com igual integração entre elas..." faz-me, como já dito anteriormente, observar que tudo é igual a tédio. Afasia do meu instante que não ocorre: palavras alheias (sempre as palavras dos outros). Avolia.

"Sou a soma de todas as transgressões de mim mesmo, isto é, de tudo que faço. O que faço não é exterior a quem sou; ao contrário, pode-se dizer que é a expressão mais explícita disso." Este contraste, proposto por Svendsen, que por não ser menor não se mistura aos outros, acorda-me e impera questionando os dogmas, as "leis naturais" que carregamos conosco como herança da vida dos outros que decididamente não escolhemos seguir. Neste momento não temos a clareza das escolhas, pois a maioria do que vivemos não passa de um déjà vu mórbido, colorido, atemporal. Eles já viveram isso e assim vivemos novamente através deste mesmo momento vidas que não foram nossas mas institucionarizaram-se como regras, leis, intuições de uma verdade que nos foi atribuída como absoluta. O enfrentamento destas percepções me põe de frente à mim, como num reflexo infinito de dois espelhos - "É uma bebedeira de não ser nada" - como já escreveu Pessoa.

Fico, no entanto, com um pedaço de papel escrito a mão. Fico "esperando para começar o meu dia, mesmo que seja com muitas horas de atraso do meu despertar". Permaneço sentado no topo da torre de vigília - não adianta a simulação de se afundar no sono, nem dormir deveras - olho ao redor e revejo lentamente um a um de olhos bem abertos, sem vida, como estátuas de sal, minha "família do pensamento repleta de anões". A artificialidade como maneira de gozar a naturalidade. O beco perdido das minhas idéias. O sono da fuga iminente à espera da aurora boreal: a cicatriz que não me deixa esquecer.

domingo, 15 de março de 2009

Centro



Já fui eu,
já fui outro;
quantos de mim já foram, soltos?
tropeço de mim,
queda de mim,
já foram os outros;
hoje são os memos.
Fumaça de mim;
os cigarros queimados,
o ar; rápido...
onde foram os tantos:
de mim?
Rastro, escombro de mim,
vago,
pendular,
cancioneiro de mim.
A porta, a fresta, a dança microscópica,
olhos de mim,
arrasto de tantos,
suor de mim.
Velocidade, vento,
frio de mim,
aperto de mim,
aleatório, exato.
Entre mim e ti
sempre este lugar:
cheio de mim.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Ah.... O Carnaval....



Quem disse que o carnaval é alegria? - I serve my head on a plate...
Quem nunca viu um Pierrot chorando? - There's nothing here, but what is here is mine...
Quem revela felicidade em meio aos gritos? - Carve your name into my arm...
Sentado na calçada (rua de pedras)olhar pingando - All alone in space and time...
Tambores e trumpetes, a melodia dos mesmos - Too much poison come undone...
Troças aos montes, montes de pernas confusas - No circunstances could excuse...
Todos os telhados das casas, todas as sacadas - In the shape of things to come...
Quem viu passar? Quem passou? - Because there's nothing else to do...
Nosso nó desatado. - Every me, every you...

"Deixa eu brincar de ser feliz, deixa eu pintar o meu nariz!"

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

O Homem da Gravata Florida

Lá vem o homem da gravata florida
Meu deus do céu... que gravata mais linda
Que gravata sensacional
Olha os detalhes da gravata...
Que combinação de côres
Que perfeição tropical
Olha que rosa lindo
Azul turquesa se desfolhando
Sob os singelos cravos

E as margaridas, margaridas
De amores com jasmim
Isso não é só uma gravata
Essa gravata é o relatório
De harmonia de coisas belas
É um jardim suspenso
Dependurado no pescoço
De um homem simpático e feliz
Feliz, feliz porque... com aquela gravata

Qualquer homem feio, qualquer homem feio
Vira príncipe, simpático, simpático, simpático
Porque... com aquela gravata
Êle é esperado e bem chegado
É adorado em qualquer lugar
Por onde ele passa nascem flores e amores
Com uma gravata florida singela
Como essa, linda de viver
Até eu, até eu, até eu, até eu, até eu,...

Jorge Ben Jor

- E olha que eu escutei isso numa rádio...

domingo, 4 de janeiro de 2009

Eu vão: Feliz Ano Novo...

Chego em casa e a impressão se confirma...as coisas não mudaram (achei que mudariam?). O ano passado passou e algumas pequenas coisas seguem no encalço; lembro-me bem das palavras de Flavinha: somos no gerúndio! E esta idéia de continuidade, das coisas se movendo teve, neste fim de ano, seus elos reforçados. Pela primeira vez (não se traiam pelo ineditismo) não senti o ano acabar...não sei se é coisa de quem está ficando velho, ranzinza, mas não vi muita diferença daquelas noites que passo acordado trabalhando... Realmente existimos numa encadeamento que desespera, num moto-contínuo, numa eterna velocidade que apavora: e assim senti-me naquele momento. Não é o sentido intrínseco das coisas, como diria Pessoa: o único sentido intrínseco das coisas é estas não terem sentindo nenhum, mas é como no dia que deixei de acreditar em Papai Noel: mal da vida? crescer e perceber a funcionalidade das coisas... de fato que passei este começo de ano repensando estes conceitos de que a vida não são anos e sim um único grande ano que se finda na morte...daí talvez tenha mudado um pouco as percepções, pois se ao contrário dos anos que se sabe quando terminam, a vida não...essa velha sensação de imortalidade... (clichê)
Parece-me que contamos regressivamente (5,4,3,2,1...10 anos para aposentadoria, 1 ano para o vestibular, 2 anos para o fim do curso, 1 ano para terminar a tese...)
Renasço entre os vãos do calçamento, não atravesso minha sombra, o olho esquerdo arde, um pé sempre seguindo o outro, as mãos perturbadas...eu vão: o estado de antes.
É quando começo a contar...