domingo, 4 de janeiro de 2009

Eu vão: Feliz Ano Novo...

Chego em casa e a impressão se confirma...as coisas não mudaram (achei que mudariam?). O ano passado passou e algumas pequenas coisas seguem no encalço; lembro-me bem das palavras de Flavinha: somos no gerúndio! E esta idéia de continuidade, das coisas se movendo teve, neste fim de ano, seus elos reforçados. Pela primeira vez (não se traiam pelo ineditismo) não senti o ano acabar...não sei se é coisa de quem está ficando velho, ranzinza, mas não vi muita diferença daquelas noites que passo acordado trabalhando... Realmente existimos numa encadeamento que desespera, num moto-contínuo, numa eterna velocidade que apavora: e assim senti-me naquele momento. Não é o sentido intrínseco das coisas, como diria Pessoa: o único sentido intrínseco das coisas é estas não terem sentindo nenhum, mas é como no dia que deixei de acreditar em Papai Noel: mal da vida? crescer e perceber a funcionalidade das coisas... de fato que passei este começo de ano repensando estes conceitos de que a vida não são anos e sim um único grande ano que se finda na morte...daí talvez tenha mudado um pouco as percepções, pois se ao contrário dos anos que se sabe quando terminam, a vida não...essa velha sensação de imortalidade... (clichê)
Parece-me que contamos regressivamente (5,4,3,2,1...10 anos para aposentadoria, 1 ano para o vestibular, 2 anos para o fim do curso, 1 ano para terminar a tese...)
Renasço entre os vãos do calçamento, não atravesso minha sombra, o olho esquerdo arde, um pé sempre seguindo o outro, as mãos perturbadas...eu vão: o estado de antes.
É quando começo a contar...