sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Rápido e Rasteiro



O tema já é lugar comun nos mais diversos meios de comunicação, entretanto resolvi ainda expressar algumas opiniões sobre a Gripe causada pelo vírus H1N1.
Tal qual o vírus causador da Gripe comun (Influenza A sazonal) o H1N1 têm o mesmo modo de contágio e causa sintomas semelhantes, que qualquer um de nós em algum período da vida já experimentou. A maioria dos casos é leve e a mortalidade é baixa (novamente semelhante ao vírus da Gripe comun). Então porque esse alarde todo?
Há motivos e exageros nisso tudo:
Motivos:
  1. Tem maior infectividade
  2. As formas graves estão acomentendo mais adultos jovens e gestantes
  3. Aparente evolução mais rápida para quadros graves

Estas características justificam medidas de precaução adotadas pelos governos. Mas não pelos meios de comunicação, que já apelidaram o pobre H1N1 de vírus da gripe suína... De fato que o pânico tomou conta de todos e todos agora querem entrar na moda do uso de máscara N95 (aquelas reservadas para os profissionais de saúde que terão contato com secreções de vias aéreas de pacientes internados). Basta digitar no google a palavra "H1N1" para as primeiras imgens aparecerem com pessoas mascaradas... Mais importante seria que nos lembrássemos de ensinamentos bem antigos e básicos transmitidos por nossos pais e avós: cobrir o rosto ao espirrar, sempre lavar as mãos antes de comer, evitar contato próximo com pessoas doentes, não coçar os olhos com as mãos sujas, não levar as mãos à boca sem lavar antes... enfim, cuidados simples que por si só já evitariam o grandioso segundo exagero: o álcool gel a 70% que se tornou segundo grande aliado, como se fosse melhor que lavar as mãos com água e sabão...

O terceiro maior exagero é o Tamiflu (Oseltamivir) que está mais popular que AAS. Medicamento antes desconhecido da população (e até de uma parcela considerável dos profissionais de saúde) agora tem status de estrela da novela das oito. O salvador da pátria. Não estou querendo desconsiderar a importância desta medicação quando bem indicada (que significa: nas primeiras 48 horas de doença em pacientes com casos suspeitos), mas segundo a própria OMS, há recomendação forte para o seu uso com baixo nível de evidência - se de fato a medicina baseada em evidências não é a melhor coisa do mundo, mas certamente é o que temos de melhor hoje. Outra argumentação é de que o uso indiscriminado de antivirais (ou qualquer antibiótico) induz em prazo variável, resistência biológica ao medicamento. O que não seria nada bom. Outra informação que está expressa no manual da OMS para tratamento da gripe pelo vírus H1N1, é que há outras 3 medicações para tratá-la: Amantadina (mais antiga), Rimantadina e Zanamivir. Tal foi o pânico gerado que a maioria dos governos recolheu a medicação das farmácias para evitar o uso indiscriminado e a falta para aqueles que realmente precisariam do medicamento. Interessante ressaltar que trata-se de um medicamento para o qual não está liberada a fabricação de genéricos.

Enfim, para a população geral, cuidados básicos (lavar as mãos, evitar contato com pessoas doentes, evitar auto-medicação e procurar um serviço de saúde caso haja sintomas sugestivos da doença) já evitariam grande parte desse temor que se instalou. Lembra o livro de Saramago, Ensaio sobre a Cegueira.

Termino com uma frase que li num cartaz colocado na parede de um hospital no início da pandemia, cujo autor desconheço: "Algumas pessoas têm gripe suína e todos já querem usar máscaras, milhões de pessoas no mundo têm AIDS e ninguém quer usar camisinha...". Rápido e rasteiro.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

These are my twisted words...



E não é que eu não precisei vender minhas cuecas para ir ao show do Radiohead no Brasil. Eu costumava falar isso há uns bons dez anos... De fato a banda correspondeu no palco a esta espera... Inesquecível, ficava entre a dúvida de fechar os olhos e e embaracar na viagem de Reckoner ou ficar de olhos bem abertos e tentar não perder uma imagem sequer... Esta angústia de querer viver todos os sentimentos ao mesmo tempo. Entretanto cada um, ao seu modo, capturou o show, as caras de perplexidade, felicidade e a frase de Marcela "Agora eu posso morrer" me fizeram perceber que não tinha sido só para mim aquelas impressões... Sinestésico.
E ainda sobre o Radiohead, achei um site bem interessante que em parceria com a própria banda fez um concurso para eleger quatro vídeos de animação para representar o álbum "In Rainbows". E o clipe abaixo é justamente de Reckoner...


http://www.aniboom.com/Competition/Radiohead/





Para finalizar este "ode ao Radiohead", hoje no site da banda tem o link para o download gratuito da nova música do Radiohead chamada "These are my twisted words", que pra variar é excelente.

http://radiohead.com/deadairspace/?a=475&b=1

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Ventiladores do meu juízo!

Agradeço a Estela pela inspiração do título...



©copyright: Jarbas Delmoutiez. Indigo. 2009


Voltando um pouco no tempo (e nesse momento começamos a contar o tempo em décadas e não mais em semanas...) há aproximadamente 6 ou 7 anos mergulhei junto com alguns amigos numa aventura de ter uma banda. Embora as bandas que conseguissem tocar na cidade na sua maioria, tocassem covers, nunca me interessei pela idéia...queria tocar músicas próprias...havia também outro ponto particular, queria que fosse uma banda com vocal feminino, outra dificuldade, pois tentar fazer com que outra pessoa cante uma música que você fez não é das tarefas mais fáceis...
Naquela época nos juntamos, eu (guitarra), Renato Hennys (baixo), Anahi (vocais) e Fabrício (produtor) para tocar... Produtor? Pois é, nem tínhamos começado e já havia um produtor. Neste caso Fabrício era o que mais entendia de música (tecnicamente falando) e era importante alguém que não tivesse diretamente incluído na banda para dar opiniões sobre o processo criativo. Como podem notar éramos incompletos, não havia teclados, bateria ou percussão... difícil... mas mesmo assim tentamos, por algum tempo, nos tornar esta "banda" que queríamos ser. Fizemos uma pesquisa com nossos amigos para escolha do nome da banda: INDIGO. E escolhemos um símbolo para representar nossa música: um ventilador antigo que tinha aqui em casa (referência direta a máquina de lavar do Sonic Youth). Jarbas desenhou o ventilador e antes mesmo que tivéssemos qualquer música pronta, já tínhamos uma camisa com o nome da banda e o tal ventilador na frente. Alguns amigos compraram e usaram a camisa, ajudou a despertar a curiosidade dos outros... Nome do primeiro álbum: IT.
Mas aí vem a realidade: na verdade tínhamos feito primeiro um marketing de uma coisa que estava ainda no embrião... não tínhamos mesa de som, gravadores, apenas um microfone semi-profissional e caixas de baixa qualidade... Gravamos nossa primeira música no meu apartamento no centro da cidade, no som da minha casa (um Panasonic preto) com a guitarra e o baixo plugados no auxiliar e o microfone na entrada frontal... numa fita K7, com minha mãe chegando do trabalho, os cachorros latindo e os instrumentos com afinação incorreta... mais amador que isso é difícil... o nome da música: You Couldn't see Through my Blur Breeze. Éramos ousados...
Ainda sonhamos com alguma coisa... mas cada um seguiu seu caminho e a vontade se diluiu no cotidiano.
Anos mais tarde eu achei essa fita K7 e com a ajuda de Fabrício (e das "novas tecnologias") conseguimos transformar aquela gravação em .mp3, afim de tentar não perder aquele registro.
Anos mais se passaram e perdida nos cada vez maiores HD's, achei essa gravação... foi como se tivesse ouvido a música pela primeira vez... contei a Anahi no último Natal dos Abandonados e ela disse saber cantar ainda a música...
Então aí está nestes tempos fluídos de blogs, twetters, facebooks... a estréia da extinta banda de uma só música.
Para nos lembrarmos do tempo que ainda acreditávamos no impossível e tentávamos torná-lo real.

Banda: Indigo
Integrantes: Anahi (vocais), Renato Hennys (baixo) e Saulo Feitosa (guitarras)
Produtor: Fabrício
Arte: Jarbas Delmoutiez
Disco: It
Música: You Couldn't see Through my Blur Breeze