Quebrei a pedra
Revirei-a pelo contrário de sua aspereza
Esfarelei o pó entre os dedos
Lavei o rosto com a imundície de minhas mãos
Chorei
[ desenhando fuligem no rosto
Cavei mais uma vez na sujeira nos meus dedos
Molhei a terra
Enfiei-me no barro de mim mesmo
Tornei-me cerâmica
[minha casca deformada
Queimei para ficar rígido
Bati para ouvir meu som
Olhei para admirar a cor
As formas todas absurdas
Inacabadas
Tornei-me cego, insensível
Paralítico.
quarta-feira, 25 de junho de 2008
domingo, 15 de junho de 2008
sexta-feira, 6 de junho de 2008
"São as sombras num belo quadro"
“As aranhas vinham e começavam a devorá-la: suas boquinhas douravam-se
no trabalho luminoso de consumir o verbo afetivo, o amor materno, puro verbalismo”
Ferreira Gullar, Histórias e guerras de meu povo.
Buzinas. Como eu as odeio,
mas vamos rápido, o tempo esvai-se.
- Sua mãe teve sífilis quando estava grávida e seu pai deixou-a para morar com o tio? Só há esta explicação! Vai se tratar seu doente! Você mente com os olhos ! Você mente com os olhos !
- Você entendeu tudo errado...
- Você mente com os olhos...
Eu não estava mentindo.
“ Eu sempre guardo minha Cabeça debaixo do braço, para não esquecê-la em local algum. Para sempre ficar sentindo o odor que vem do meu suvaco que eu nunca lavo porque eu nunca largo a minha Cabeça que está debaixo do meu braço, para não esquecê-la em local algum. Para sempre ficar sentindo o odor que vem do meu suvaco que eu nunca lavo porque eu nunca largo a minha Cabeça que está debaixo do meu braço para que...”
Prefiro acreditar em mim.
- Ei! Peraí!
Tomaram-me novamente os papéis, arquivaram-nos novamente.
Quem os lerás? O que estes homens brancos vestidos de branco fortes rápidos, têm contra meus papéis?
Buzinas... como eu as odeio.
(Trecho do conto "São as Sombras num Belo Quadro" ainda inédito)
no trabalho luminoso de consumir o verbo afetivo, o amor materno, puro verbalismo”
Ferreira Gullar, Histórias e guerras de meu povo.
Buzinas. Como eu as odeio,
mas vamos rápido, o tempo esvai-se.
- Sua mãe teve sífilis quando estava grávida e seu pai deixou-a para morar com o tio? Só há esta explicação! Vai se tratar seu doente! Você mente com os olhos ! Você mente com os olhos !
- Você entendeu tudo errado...
- Você mente com os olhos...
Eu não estava mentindo.
“ Eu sempre guardo minha Cabeça debaixo do braço, para não esquecê-la em local algum. Para sempre ficar sentindo o odor que vem do meu suvaco que eu nunca lavo porque eu nunca largo a minha Cabeça que está debaixo do meu braço, para não esquecê-la em local algum. Para sempre ficar sentindo o odor que vem do meu suvaco que eu nunca lavo porque eu nunca largo a minha Cabeça que está debaixo do meu braço para que...”
Prefiro acreditar em mim.
- Ei! Peraí!
Tomaram-me novamente os papéis, arquivaram-nos novamente.
Quem os lerás? O que estes homens brancos vestidos de branco fortes rápidos, têm contra meus papéis?
Buzinas... como eu as odeio.
(Trecho do conto "São as Sombras num Belo Quadro" ainda inédito)
terça-feira, 3 de junho de 2008
As Fotos de Juliano...

Pois foi que mais uma vez recebi fotos de Juliano... Desde a última na qual apareciam os Ipês com a seguinte frase "não é primavera mas os ipês já estão florecendo". Nesta última que está acima a frase da vez foi "Dogville" uma ótima lembrança do cão junto a casa, último sobrevivente daquela cidade dos sonhos (me vem a mente agora Mulholland Drive...mas isto já é outra estória).
Muito bonitas as fotos, principalmente pelo inesperado das cenas comuns que nossos olhos viciados do cotidiano não apreendem mais... aí deixamos que as câmeras captem e eternizem isto por nós... momentos nos quais nos inebriamos de tanta beleza que vamos lá de novo, naquele local onde foi tirada a foto e olhamos novamente... continuamente, linearmente... e às vezes nos perguntamos: onde foi parar nosso olhar? Dentro dessa discussão cabe lembrar a famosa "cena do saco" de Beleza Americana (que por coincidência foi encenada por Juliano em um jogo sobre filmes) na qual um mero saco deixando-se levar pelo vento em frente a um muro, desperta o olhar para a beleza da vida...
São momentos como esses (jogos sobre cinemas, fotos chegando pelos correios, filmes assistidos juntos...) que me nostalgiam, que me fazem lembrar que: BERNINI É O REI DA MADRUGA!
Nessas circunstâncias nas quais me encontro, chegar em casa cansado do trabalho, embrutecido de realidade, vítreo, e encontrar uma correspondência dos correios com fotos como estas me fazem lembrar quem sou e quem são as pessoas ao meu redor...
Fragmentam-se as linhas sobre o asfalto...
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